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Ratos EP

by Marcelo Dakí

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1.
moléculas 02:59
medo de ser assassinado pela sua palavra. passei o dia assustado não sabia se tinha sonhado ou te dito acordado que não parece que vamos nos reencontrar. combato o silêncio que não escolhi discordo de países que vi você traduzir sacrifico muito pouco apenas dez anos ou mais pra ser o homem do saco embalado com plástico guardado embaixo do tanque com os produtos de limpeza que dali não saem mais. aqui não há espaço pros caminhos que trilhei detrás do anonimato sempre cientista rei causando impressões pela roupa que usei enquanto queimo canetas aproveite o holiday que deus está comigo? quando rezo é pra pangéia esticando a ideia de mulheres e homens gigantes no céu disperso a plateia. ao escolher não gravar Cosmorrágico apostei no fonema e com a carta do fonema na mão sabendo ser o último da rodada modificando com o fonema a frase e o filme. sigo desejando ser interrompido. ir à ferragista e comprar cordas. luvas. lâmpadas novas, óleo, óculos novos, parafusos, para minha saia nova. meu exercício espiritual é projetar bolhas azuis de contrapeso às vermelhas que preciso acalmar sempre carrego sujeitos nas orelhas abaixo de qualquer suspeita suspiro, a médio prazo conspiro, finjo esquecer das constelações que revolvo ao realinhar minha coluna e a caneta e o topo do crânio com corpos celestes: cadeia de carbono imaginária realizada por cálculos e a verdade na aparência da lua. realizada pela consciência da força gravitacional e da água-molhada-molha. percebendo primeiro as palmas depois a mão, depois o chão e o pé pisando e os olhos do gato, depois os ângulos solares e o sagu universal. nesse ritmo em dez anos ainda não tenho mestrado mas uma fórmula sintetizada no bolso quase pronta para ser publicada em zine.
2.
Pompéia Drogaria medicamentos a preço de custo entregas vinte e quatro horas abrimos aos domingos o farmacêutico vai até você passamos todos os cartões infelizmente não trabalhamos mais com cheque a farmácia enquanto experiência holística aceitamos ligação a cobrar entregas vinte e quatro horas essa loja vai longe o que não temos compramos na concorrência Pompéia Drogaria não aplicamos injeções mas te indicamos hospitais a partir da sua localização no google maps abrimos aos feriados trabalhamos com canabidiol desconto para compras no app Pompéia Drogaria alívio em gotas ou comprimidos vendas apenas com receita
3.
4.
festas 02:07
você poderia dizer que não me dei bem no barzim e que eu já deveria ter tirado a carteira de motorista e que assim vou acabar sozim numa kitnet sem nem mesmo ter ouvido da minha experiência fúnebre antes dos cinco ou da minha cicatriz de patinete ou do cisto no meu joelho causado pelo impacto da caminhonete do dono das óticas Nem-Viu na honda biz do meu pai quando voltávamos da escola em dois mil e três quando eu acreditava que o dono da ótica pagaria óculos novos para substituir os que ele atropelou com nós três quando eu não sabia a diferença que fazia ter Luiz na presidência do país você poderia dizer que eu perdi a paciência muitos anos atrás e teria razão. eu te daria toda a razão do mundo e apresentaria documentos testemunhando meu descarrilhamento estético. e te explicaria como misturei a equipe de limpeza com o ovo apunhalado e o bloqueio no caminho para o camarim e o boné do Ivo Mamona fazendo uso da minha credencial de pictoimprensa. com uma pasta preta. a novidade ambulante com um olho na mão olhando você desde então e percebendo que seria impossível me aproximar de aglomerações individuadas enquanto eu não tivesse comido os pedaços do muro de mármore. você poderia dizer que eu não me adaptei ou que passei tempo demais lendo contos e dois romances do Rick Moody em vez de Gran Sertão Veredas. e teria toda razão e eu te daria um planeta embrulhado num cordão não fosse o conhecimento do preço de um Guimarães Rosa usado. mas me convide pro barzim. na minha mão dou de ler da biblioteca fantasma à procura do sinistro livro infanto-juvenil. um bebê quietinho que nem eu com sete anos levo à escola de ônibus e de mercedes benz esmagamos a caminhonete do dono da ótica. me convide pro barzim. sou interessantíssimo em festas. me convide para festas. eu emulava em festas a personagem esquizofrênica má-diagnosticada do twitter e do instagram muito antes de apostar no bingo azul. me convide para festas sinistras me convide para festas como Propósito Recs convida e lá estará meu holograma ao lado das caixas de som sentado no chão com duas canetas cavando cômodos com as mãos no papel esperando o próximo Sintoma de Morte esperando o anzol no córtex esperando o objeto caído do céu chegar esperando dois mil e dezessete chegar esperando o eu-Daedalus do futuro chegar e me entregar a carta
5.
atazanas 04:06
ratos. comprar coca na distribuidora como quem insere linhas de código no script do bairro. saber ser do script o bairro sem remorso, sem planejamento. saber ser do planejamento o remorso sem sobressaltos ou gastos com glicose no supermercado. transitou pelo açougue Valentim cozinhando de antemão, salpicando ingredientes emocionais: agulhas, rolimãs, mapas desdobrados, maçãs, bisnetos, canecas, eleições, jovens adultos presos por pirataria, bússolas, computadores de bolso, o caldo carregado com concha para o prato, para o prato, para o outro prato, para o outro prato. até quando você vai boicotar seus reajustes à grande ficção? ratos roem os relógios que não tive e o meu drive de tomar o controle não sei se estive ou se não estive resistindo ao impulso de andar como animal quando ela entrou no ônibus passou a passar mal nos assentos amarelos seis espíritos do mal deu um mortal pra trás tomou um comprimido plugou os headphones se revestiu de vidro conferiu sem olhar a posição do cartão tudo ok. mas não deu conta: não foi o bastante: bebeu com os olhos os seis e caiu de joelhos sem ser socorrida. caiu de novo e de novo numa cova e numa cama e no corredor do centro cultural e sentiu, mesmo com a máscara, a coxinha de jaca fora do óleo e fritando pisaram em seu tornozelo sem olhar pra trás. ninguém, ali, carregava fogo. ninguém, ali, comprou uma roupa como aquela: resgatada do balaio o que espera atingir? não se encaixa, não toca baixo, as lentes da sua câmera estão arranhadas, seu pulso dói, tem três e setenta na conta e o salgado é seis reais, não é mais a enfermeira exorcista, não tem insta, não sabe usar tiktok, perdeu a hora, tocou o alarme, tocaram em minha capa, olhou me viu, tocou o alarme, começou a chover mesmo com sol, um punhado a mais a fritar, conhece aquele casal, não sabe qual é sua opinião, sabe que não suporta estar ali, tocou o alarme, tocou o alarme, tocou o alarme e estava de volta ao ônibus vazio com o coração corporativo e novas incorporações. sobe outro passageiro: um rato enrolado no edredom. senta nos fundos, acena com os olhos, acende um charuto e ninguém se incomoda. de headphones o que escutará? desce dez minutos depois no ponto da Drogaria Pompéia. não faz ideia do que encontrará ao retornar a seu apartamento. encontra ratos: sua irmã, o irmão de sua irmã e a família do vizinho Valentim que serve a sopa e tem a tranquilidade de quem alterou bem o script da sopa poupando os comedores das folhagens de aparência duvidosa. “Parabéns Valentim!” é o que diz o rato de headphones, agora sem edredom. “Sua sopa é um sucesso e até o momento ninguém morreu envenenado.”

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released May 1, 2022

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Marcelo Dakí Goiânia, Brazil

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